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Capítulo 15: CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes

Página 48
As lágrimas voltaram a correr-lhes dos olhos. O barão não se cansava de beijar Cândido e chamava-lhe irmão e salvador. - Talvez nós possamos, meu caro Cândido, entrar juntos na cidade como vencedores e salvar a minha irmã Cunegundes disse-lhe o comandante.

- É esse o meu maior desejo - respondeu-lhe Cândido -, pois já contava e conto ainda desposá-la.

- Vós, insolente?! - retorquiu o barão. - Tereis a impudência de desposar minha irmã, que tem setenta e dois costados de sangue nobre! Penso que estais louco, pois ousais falar-me de uma pretensão tão temerária!

Cândido, petrificado com tais palavras, respondeu:

- Meu reverendo padre, nem todos os costados do mundo serviriam de alguma coisa neste caso. Libertei a vossa irmã dos braços de um judeu e de um inquisidor. Ela deve-me bastantes obrigações e quer desposar-me. Mestre Pangloss sempre me disse que os homens são iguais, e certamente a desposarei.

- É O que veremos, malandro! - disse o jovem barão de Thunder-ten-tronckh, dando-lhe ao mesmo tempo uma espadeirada na cara.

Cândido puxa imediatamente da sua espada e enterra-a até aos copos no ventre do barão jesuíta. Porém, ao retirá-la ensanguentada, pôs-se a chorar, lamentando-se:

- Ai! meu Deus!, que matei o meu antigo senhor, o meu amigo, o meu cunhado. Sou o melhor homem do mundo, e, no entanto, já são três os homens que matei, entre os quais dois padres.

Cacambo, que estava de sentinela à porta da tenda, acorreu. - Só nos resta vender cara a vida- disse-lhe o amo. - Vão certamente entrar aqui. Se tivermos de morrer, que seja de armas na mão.

Cacambo, que já tinha visto meio mundo, não perdeu a cabeça. Tirou o uniforme de jesuíta que o barão envergava, vestiu-o a Cândido e fê-lo montar a cavalo.

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pág. 48 (Capítulo 15)

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Capa do livro Cândido
Páginas: 118
Página atual: 48

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1
CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4
CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7
CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10
CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14
CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18
CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20
CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23
CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27
CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29
CAPÍTULO XI - História da velha 32
CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36
CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40
CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43
CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47
CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50
CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54
CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58
CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64
CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70
CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73
CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75
CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87
CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89
CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94
CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100
CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104
CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108
CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111
CAPÍTULO XXX – Conclusão 113