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Capítulo 22: CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin

Página 80
.., que me dizeis? - perguntou o abade.

- Ah! - disse a Sr! De Parolignac -, que homem tão maçador! É um livro que diz em segredo aquilo que toda a gente já sabe, que discute a fundo o que não merece sequer ser aflorado que se apropria, sem espírito algum, do espírito dos outros, estragando-o. Como ele me aborrece! Mas não me aborrecerá mais, pois chegaram para me aborrecer as poucas páginas que dele li.

Encontrava-se à mesa um homem sabedor e de bom gosto que apoiou o que a marquesa dissera. Falou-se em seguida de teatro. A dama perguntou porque é que havia peças que se podiam suportar em cena, mas que não se conseguia ler. O homem de gosto explicou muito bem como uma peça poderia ter interesse e não possuir mérito algum. Provou em poucas palavras que não era bastante apresentar duas ou três situações extraídas dos romances e que seduzem sempre os espectadores, mas que era preciso ser-se novo sem se ser bizarro, muitas vezes sublime e sempre natural, conhecer o coração humano e fazê-lo falar, ser um grande poeta sem que, contudo, nenhuma das personagens da peça seja poeta, e sobretudo conhecer perfeitamente a sua língua, falá-la com pureza e com uma harmonia contínua, sem que, porém, a rima prejudique o sentido.

- Todo aquele que não observar estas regras - observou de - poderá fazer uma ou duas tragédias com êxito no teatro, mas nunca será tido no número dos grandes escritores. Temos muito poucas peças com qualidade. Umas são idílios em diálogos bem escritos e bem rimados; outras, discursos políticos que fazem adormecer ou deformações desagradáveis; outras, ainda, sonhos ce energúmenos, em estilo bárbaro, jogos sem sentido, longas apóstrofes aos deuses, porque os seus autores não sabem falar dos homens, máximas falsas e lugares-comuns empolados.

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pág. 80 (Capítulo 22)

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Capa do livro Cândido
Páginas: 118
Página atual: 80

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1
CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4
CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7
CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10
CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14
CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18
CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20
CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23
CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27
CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29
CAPÍTULO XI - História da velha 32
CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36
CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40
CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43
CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47
CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50
CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54
CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58
CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64
CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70
CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73
CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75
CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87
CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89
CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94
CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100
CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104
CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108
CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111
CAPÍTULO XXX – Conclusão 113