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Capítulo 25: CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano

Página 95

Enquanto aguardaram o jantar, Pococuranté ofereceu um concerto. Cândido achou a música deliciosa.

- Esta barulheira - disse Pococuranté - pode divertir durante meia hora, mas, se dura mais tempo, cansa a toda a gente, embora ninguém ouse confessá-lo. Hoje, a música não é mais que a arte de executar coisas difíceis, e o que não é senão difícil cansa depressa.

«Talvez preferisse a ópera, se não tivessem encontrado o segredo de fazer dela uma monstruosidade que nos revolta. Que vá quem quiser ouvir cantar maus versos, em que as cenas são feitas para ostentar despropositadamente duas ou três canções ridículas, que fazem valorizar a garganta duma actriz, e que se divirta quem consiga ver um castrado a cantarolar no palco o papel de César e de Catão, passeando-se em cena desajeitadamente. Quanto a mim, há muito que renunciei a essas frioleiras que fazem hoje a glória de Itália e que alguns soberanos tão caro pagam.

Cândido discordou um pouco, mas com discrição, enquanto Martin se mostrava inteiramente da opinião do senador.

Foram para a mesa; e, depois de um excelente jantar, dirigiram-se para a biblioteca. Cândido, vendo um Homero magnificamente encadernado, felicitou Sua Excelência pelo seu bom gosto.

- Eis um livro que fazia as delícias do grande Pangloss, o maior filósofo da Alemanha.

- Pois não faz as minhas - disse friamente Pococuranté.

- Fizeram-me acreditar outrora que eu teria prazer com a sua leitura. Mas esta repetição contínua de combates que se assemelham uns aos outros; estes deuses que agem sempre para não fazer nada de decisivo; esta Helena que provoca a guerra e é apenas uma actriz da peça; esta Tróia, que é cercada mas que ninguém toma, tudo isso me causa um aborrecimento mortal.

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pág. 95 (Capítulo 25)

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Capa do livro Cândido
Páginas: 118
Página atual: 95

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1
CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4
CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7
CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10
CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14
CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18
CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20
CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23
CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27
CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29
CAPÍTULO XI - História da velha 32
CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36
CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40
CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43
CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47
CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50
CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54
CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58
CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64
CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70
CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73
CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75
CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87
CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89
CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94
CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100
CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104
CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108
CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111
CAPÍTULO XXX – Conclusão 113