Como um manto de rei… e sob os arcos
De mármore passar, como em triunfo…
Ter colunas de porfido luzente…
E ser o altar do vosso santuário
Como o templo do Sol… cegar de luzes…
O vosso Deus pode ser grande e altivo
Como Baal… o Deus que bebe sangue…
Mas o que nunca o vosso culto esplêndido
Há-de ter, como um véu para o sacrário,
A velar-lhe mistérios… é a poesia…
Esse mimo de amor… esses segredos…
O ingénuo sorriso da criança…
O olhar das mães, espelho de pureza…
A flor que medra na soidão das almas…
O branco lírio que, manhã e tarde,
Aos pés da Virgem, no oratório humilde,
Rega a donzela, em vaso pobrezinho!
Nunca a vossa cruz-de-ouro há-de dar sombra
Como a outra do Gólgota - o alívio,
Sombra que buscam almas