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Capítulo 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA

Página 198
América do Sul, pairar sobre um local, avançando depois para outro, como um peneireiro, e noutras ocasiões permanecendo imóvel à beira da água, precipitando-se então como um Martim-pescador sobre um peixe. No nosso próprio país, o Chapim-real (Parus major) de maiores dimensões pode ser visto a trepar ramos, quase como um trepador; frequentemente, como um picanço, mata pequenas aves com golpes na cabeça; e vi-o e ouvi-o muitas vezes a martelar num ramo as sementes do teixo, quebrando-as assim como um trepadeira. Na América do Norte, o urso negro foi visto por Hearne a nadar durante horas com a boca bem aberta, apanhando assim, como uma baleia, insectos na água. Mesmo num caso tão extremo como este, se a reserva de insectos fosse constante, e se não existissem já na região rivais mais bem adaptados, não vejo qualquer dificuldade numa raça de ursos se tornar, por meio de selecção natural, cada vez mais aquática na sua estrutura e hábitos, com bocas cada vez mais largas, até que se tenha produzido uma criatura tão monstruosa como uma baleia.

Como por vezes vemos indivíduos de uma espécie seguir hábitos amplamente diferentes tanto dos da sua própria espécie como das outras espécies do mesmo género, poderíamos esperar, segundo a minha teoria, que tais indivíduos tivessem ocasionalmente dado origem a novas espécies, com hábitos anómalos e com a sua estrutura ligeira ou consideravelmente modificada, relativamente à do seu próprio tipo. E tais exemplos ocorrem de facto na natureza. Poder-se-á dar um exemplo mais marcante de adaptação do que o de um pica-pau para trepar às árvores e para capturar insectos nas fendas da casca? Porém, na América do Norte, há pica-paus que se alimentam muito de fruta e outros com asas compridas, que

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pág. 198 (Capítulo 7)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 198

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491