CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA Dificuldades enfrentadas pela teoria da descendência com modificação - Transições - Ausência ou raridade de variedades transicionais - Transições em hábitos de vida - Hábitos diversificados na mesma espécie - Espécies com hábitos que diferem amplamente dos das suas espécies próximas - Órgãos de extrema perfeição - Meios de transição - Casos de dificuldade - Natura non facit saltum - Órgãos de pequena importância - Órgãos que não são absolutamente perfeitos em todos os casos - A lei da unidade de tipo e das condições de existência é abrangi da pela teoria da selecção natural.
Muito antes de chegar a esta parte do meu trabalho terá ocorrido ao leitor uma multidão de dificuldades. Algumas são tão graves que até hoje não consigo reflectir nelas sem ficar perplexo; mas, tanto quanto me é dado compreender, a maior parte são apenas aparentes, e creio que as dificuldades reais não são fatais para a minha teoria.
Pode-se classificar estas dificuldades e objecções sob as seguintes alíneas:
Em primeiro lugar, por que razão, se as espécies descendem de outras espécies por gradações imperceptivelmente subtis, não vemos em todo o lado inúmeras formas transicionais? Por que não se encontra toda a natureza em confusão em vez de as espécies serem, como as vemos, bem definidas?
Em segundo lugar, seria possível que um animal com, por exemplo, a estrutura e os hábitos de um morcego, pudesse ter sido formado pela modificação de um animal com hábitos completamente diferentes? Poderemos acreditar que a selecção natural podia produzir, por um lado, órgãos de pouca importância, tais como a cauda de uma girafa, que serve de mata-moscas, e, por outro