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Capítulo 8: CAPÍTULO VII
INSTINTO

Página 226

Não é possível que algum instinto complexo seja produzido através da selecção natural, excepto pela acumulação lenta e gradual de variações numerosas, ligeiras, porém proveitosas. Portanto, como no caso das estruturas corporais, não devemos encontrar na natureza as efectivas gradações transicionais pelas quais cada instinto complexo foi adquirido - pois estas só se poderiam encontrar nos ancestrais directos de cada espécie -, mas devemos encontrar nas linhas de ascendência colaterais algum indício dessas gradações; ou devemos no mínimo ser capazes de mostrar que pode haver gradações de algum tipo; e isto certamente podemos fazer. Fiquei surpreendido por verificar, tendo em conta que excepto na Europa e na América do Norte os instintos dos animais foram pouco observados e que se desconhece quaisquer instintos nas espécies extintas, quão geralmente se pode descobrir gradações que levam aos instintos mais complexos. O cânone «Natura non facit saltum» aplica-se aos instintos quase com a mesma força que aos órgãos corporais. As mudanças de instinto podem por vezes ser facilitadas pelo facto de a mesma espécie ter instintos diferentes em períodos de vida diferentes, ou em diferentes estações do ano, ou quando colocada sob circunstâncias diferentes, etc., caso em que a selecção natural pode preservar ou um ou outro instinto. E pode-se mostrar que ocorrem na natureza semelhantes exemplos de diversidade de instinto na mesma espécie.

Mais uma vez, como no caso da estrutura corporal e em conformidade com a minha teoria, o instinto de cada espécie é bom para essa espécie, mas nunca, tanto quanto sabemos, foi produzido para o exclusivo bem de outros. Um dos exemplos mais fortes com que estou familiarizado, em que um animal aparentemente realiza uma acção apenas para bem de outro, é o dos afídeos cederem voluntariamente a sua excreção doce às formigas: os factos de seguida apresentados mostram que o fazem voluntariamente.

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pág. 226 (Capítulo 8)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 226

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491