A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 289 / 524

Quando os híbridos são capazes de procriar inter se, transmitem à sua prole de geração para geração a mesma organização composta, e por esta razão não temos de nos surpreender pelo facto de a sua esterilidade, embora variável até certo ponto, raramente diminuir.

Tem de se confessar, todavia, que não podemos compreender, excepto por hipóteses vagas, diversos factos a respeito da esterilidade dos híbridos; por exemplo, a fertilidade desigual dos híbridos produzidos por cruzamentos recíprocos; ou a esterilidade acrescida naqueles híbridos que ocasional e excepcionalmente se assemelham intimamente a um ou outro progenitor puro. Tão-pouco defendo que os comentários anteriores chegam à raiz da questão: não se oferece qualquer explicação da razão por que um organismo, quando colocado sob condições contrárias ao natural se torna estéril. Procurei apenas mostrar que, nos dois casos, em alguns aspectos próximos, a esterilidade é o resultado comum - num caso, porque as condições de vida foram perturbadas, no outro caso, porque a organização foi perturbada pela combinação de duas organizações numa só.

Pode parecer fantasioso, mas suspeito de que um paralelismo similar abrange uma classe de factos próxima, porém muito diferente. É uma crença antiga e quase universal, fundada, segundo creio, sobre um considerável conjunto de indícios, que modificações ligeiras nas condições de vida são benéficas para todos os seres vivos. Vemos os agricultores e jardineiros seguir isto nas suas frequentes permutas de sementes, tubérculos, etc., de um solo ou clima para outro, e novamente para os primeiros. Durante a convalescença dos animais, vemos claramente que se retira um grande benefício de quase qualquer mudança nos hábitos de vida. Mais uma





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