Robinson Crusoe - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 13 / 241

Arrisquei uma pequena importância que aumentou com a maior rapidez, graças à probidade e desinteresse do meu novo amigo. Ascendia toda ela a quarenta libras esterlinas, que empreguei em quinquilharias, segundo me aconselhara o comandante. Conseguira juntar este dinheiro com a ajuda dos meus parentes, que tinham trocado correspondência comigo, e sempre acreditei que haviam conquistado os meus pais para que contribuis sem com .esta soma para o meu primeiro negócio.

Posso garantir desde já que, de todas as minhas viagens, foi esta a mais feliz, tudo se devendo à boa fé e à, generosidade do meu bom amigo comandante. Entre as vantagens que obtive com o seu conhecimento, uma delas foi aprender regularmente as matemáticas e as regras da navegação, conhecer de uma maneira exacta a marcha de um buque, fazer observações geográficas para averiguar onde se encontra a embarcação, saber, enfim, tudo o que um marítimo não deve ignorar. E como o comandante se comprazia tanto em ensinar-me como eu em aprender, cheguei a transformar-me, ao mesmo tempo, num marinheiro e num comerciante. Trouxe da Guiné cinco libras e nove onças de oiro em pó, o qual me valeu em Londres cerca de trezentas libras esterlinas. Tal fortuna inspirou-me projectos muito largos, os quais depois causaram a minha ruína total.

Apesar disso, esta viagem teve para mim alguns inconvenientes também; sobretudo porque caí enfermo e estive durante algum tempo devorado por uma febre ardente, motivada pelo rigor do clima, pois o nosso principal comércio fazia-se perto dos 150 de latitude setentrional, junto da própria linha. Por último, tinha chegado a ser já um comerciante da Guiné; mas, por desgraça, tendo morrido o meu bom amigo comandante do buque poucos dias após o nosso regresso, decidi voltar a fazer outra viagem no mesmo barco com o oficial que no ano anterior era piloto e agora ia comandá-lo.





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