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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 146

Finalmente, concluí que a prudência e a moralidade também me proibiam de meter-me naquele assunto; que meu interesse estava, pelo contrário, em esconder-me o mais que pudesse e em ocultar que a ilha se achava habitada por um ser humano.

Este pensamento era produto da religião; persuadi-me de que manchar as minhas mãos com o sangue de vítimas inocentes (inocentes em relação a mim) era uma acção totalmente contrária aos meus deveres. Os crimes que aqueles selvagens cometessem uns contra os outros em nada me deviam importar; eram os usos do seu país \ e cabia deixar a Deus, senhor de todas as nações, o cuidado de castigar aquelas ofensas, impondo, segundo a sua liberdade soberana, castigos públicos aos que tivessem pecado.

Permaneci nesta disposição de espírito um ano inteiro, procurando tão pouco a ocasião de atacar os selvagens que, durante algum tempo, nem uma vez sequer subi à colina para tentar avistá-los ou para saber se teriam desembarcado, só para não me sentir tentado a renovar as minhas ideias contra eles ou ser provocado, por qualquer circunstância, a atacá-los. Limitei-me a afastar do sítio em que se encontrava a canoa que tinha naquele lado da ilha, conduzindo-a para a ponta oriental e colocando-a numa pequena enseada debaixo de elevados penhascos, onde sabia, que, por causa das correntes, os selvagens nunca teriam a temeridade nem sequer a ideia de abordar com as suas pirogas.

Levei com a canoa todos os seus aparelhos, isto é, o mastro, a vela e aquilo a que eu dava o nome de âncora, embora não fosse nem âncora nem arpão, mas que me servia para amarrar a canoa ou segurá-la, que era o meu objectivo; por fim, fiz desaparecer até a mínima aparência de embarcação e de habitação humana na ilha.

Vivi daí em diante mais retirado do que nunca, apenas saindo quando fosse indispensável, a saber: para ordenhar as lamas e tratar do meu pequeno rebanho do bosque, que fechado e oculto pelo lado da costa, estava inteiramente fora de perigo, pois os selvagens que chegavam à ilha não vinham com intenção de buscar fosse o que fosse, pelo que não se afastavam da margem.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 146

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236