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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 148

Receava provocar fumo perto de casa e, como necessitava de fogo para cozer o pão e a carne, tinha pensado queimar lenha debaixo de um montão de terra, como vira fazer na Inglaterra, até ela ficar reduzida a carvão; nessa altura, apagando o fogo, conservava o carvão para dele me servir em diversos usos, sem qualquer temor do fumo. Um dia, quando cortava lenha, descobri por detrás de um montão de silvados uma espécie de abertura; a curiosidade levou-me a entrar, e penetrei com dificuldade na sua entrada; achei o interior bastante amplo para nele poder estar de pé com comodidade, e talvez ainda com outras pessoas. Devo, todavia, confessar que saí com mais precipitação do que tinha entrado quando, ao dirigir a vista para o fundo daquele lugar escuro, avistei dois grandes olhos, de homem ou de diabo (não o teria podido dizer), que brilhavam como duas estrelas e que reflectiam a débil luz que se infiltrava pela abertura da caverna. Apesar disso, após alguns momentos de deliberação, voltei a cobrar ânimo, e repreendi-me pela minha fraqueza, dizendo para comigo que o poder e a presença de Deus estavam em toda a parte, e que me protegiam. Armado, assim, de coragem, peguei num tição aceso e entrei na gruta. Ainda não dera três passos quando me senti tão assustado como antes, pois ouvi um profundo suspiro, parecido com o de uma pessoa que sofre, depois alguns sons confusos como de palavras inarticuladas e, por último, outro suspiro ainda mais profundo. Recuei, um suor frio banhou-me o corpo, e os cabelos eriçaram-se-me de tal maneira que, se tivesse um chapéu na cabeça, creio que ele teria caído. Mas voltando a concentrar todas as forças da alma e considerando que o poder divino, que estava presente ali como em toda a parte, me protegeria, assim avancei, e ao resplendor do tição que levava acima da cabeça, vi um espantoso bode, de um tamanho extraordinário, caído por terra e fazendo, como se diz habitualmente, o seu testamento, pois estava a morrer de velhice. Fustiguei-o um pouco para ver se conseguia levá-lo a sair dali, e ele tentou levantar-se, mas em vão; decidi-me a deixá-lo, com a ideia de que já que ele me tinha assustado, também assustaria os selvagens, se algum bastante ousado se aventurasse a penetrar naquele local enquanto ele vivesse.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 148

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236