Este acontecimento tornou o nosso dono mais cauteloso de futuro. Resolveu servir-se depois da chalupa do buque inglês que tinha apresado e não voltar à pesca sem uma bússola e algumas provisões. Ordenou ao seu carpinteiro, que também era um escravo inglês, que construísse no centro da chalupa um camarote parecido com o de uma barcaça, deixando atrás o espaço suficiente' para dirigir o leme e estender a vela por baixo, a fim ti' poder tomar vento, e à frente o intervalo bastante pura colocar duas ou três pessoas e poder manobrar.
O meu amo saía frequentemente para a pesca com aquela chalupa, e como eu era muito manhoso na apanha do peixe, jamais ia sem mim. Um dia preparou uma saída com dois ou três mouros de alguma distinção para irem com o seu bote a fim de pescarem e divertirem-se. Fez preparativos extraordinários, ordenando que na véspera fossem embarcadas mais provisões do que era costume, e ordenou-me também que as três escopetas estivessem limpas, com a pólvora e o chumbo correspondentes que havia a bordo, pois tinham pensado caçar e pescar.
Preparei tudo conforme os seus desejos, e no dia seguinte aguardava-o na chalupa, perfeitamente limpa, lavada e enfeitada - digna, numa palavra, de receber aqueles hóspedes -, quando vi o meu amo que vinha só para me dizer que os seus convidados tinham adiado a partida para outra altura devido a certos negócios. Mandou-me ao mesmo tempo sair com a chalupa, acompanhado, como de costume pelo mouro e pelo jovem escravo, para lhe arranjar pescado, porque os seus amigos deviam cear com ele, acrescentando que nos apressássemos a regressar assim que tivéssemos apanhado alguma coisa; preparei-me, portanto, para seguir aquelas instruções.