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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 163
Os selvagens já tinham tocado antes na ilha mais de cem vezes, sem dúvida, mas eu ignorava então isso e, assim, nada temia; a minha tranquilidade era perfeita, embora o perigo fosse o mesmo que na actualidade. A ignorância em que vivia permitia-me ser tão ditoso como se não tivesse existido perigo algum. Tudo o que fica dito fez-me pensar detidamente; reconheci, sobretudo, como a Providência fora boa em relação ao homem, ao impor tão estreitos limites ao seu saber e previsão. Graças a essa cegueira, ele mantém-se sereno e tranquilo na ignorância dos acontecimentos e perigos que o rodeiam.

Após algum tempo passado nas reflexões anteriores, vim a considerar a sério os perigos a que estivera exposto durante largo número de anos naquela mesma ilha que percorrera com uma segurança tão grande, com uma tranquilidade tão completa, quando, afinal, as escarpas de uma colina, a folhagem de uma árvore ou, talvez, o inesperado cair da noite se podiam ter encontrado entre mim e a sorte mais horrorosa, isto é, em poder dos selvagens, que me teriam tratado como eu fazia às lamas ou às tartarugas, e ter-me-iam assassinado e devorado sem pensar mais no mal do que eu ao comer um borracho ou uma tarambola. Seria atraiçoar-me a mim próprio não dizer que dei as mais sinceras graças a Deus, cuja protecção me livrara de tantos perigos desconhecidos. Em seguida, pus-me a meditar sobre os princípios daqueles selvagens, e perguntava a mim mesmo como o sábio que nos dera tudo o que existe poderia ter feito submergir algumas das suas criaturas num estado de barbaria tal que superava a própria brutalidade, a ponto de se devorarem uns aos outros; mas como me empenhava em considerações inúteis, buscava em que parte do mundo viviam aqueles desgraçados; porque se aventuravam a afastar-se tanto de onde viviam; de que espécie de canoas se serviam e, finalmente, se seria capaz de dar com as suas casas, tal como eles vinham à minha ilha. Nem me ralava a pensar no que ali me esperava, qual seria a minha sorte se caísse entre as suas mãos, ou como fugiria se me atacassem.

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pág. 163 (Capítulo 9)

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 163

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236