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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 173

Esta descoberta bastava-me mas, sentindo-me mais animado e, por conseguinte, tendo mais curiosidade, levei Sexta-Feira, dei-lhe uma espada e mandei-o transportar o arco e as flechas ao ombro, nas quais o via muito hábil; depois encarreguei-o de trazer uma escopeta para mim, agarrando eu nas outras duas. Assim armados, caminhámos até ao local onde os selvagens tinham estado, porque queria conhecer' melhor os seus costumes. Quando cheguei ao citado lugar, o sangue gelou-se-me nas veias e faltou-me a coragem perante um espectáculo verdadeiramente horrível, pelo menos para mim, pois em Sexta-Feira não produziu qualquer efeito. Aquele local achava-se semeado de ossadas humanas; a terra empapada de sangue; por toda a parte se viam espalhados bocados de carne assada meio roída e despedaçada; numa palavra, todos os restos de um banquete de triunfo, por intermédio do qual os selvagens haviam celebrado a vitória obtida sobre os inimigos; vi espalhados pelo solo três crânios, cinco mãos, os ossos de três ou quatro pernas e outros tantos dos pés. Sexta-Feira deu-me a entender por sinais que os selvagens tinham conduzido para a ilha quatro prisioneiros, que haviam comido três, sendo ele o quarto restante; que ocorrera uma grande batalha entre eles e um rei vizinho do qual, ao que parecia, ele era súbdito, e que, em consequência daquele combate, muitos prisioneiros tinham sido levados para diferentes paragens pelos vencedores, a fim de serem comidos como os que aqueles miseráveis tinham desembarcado na minha ilha.

Ordenei a Sexta-Feira que reunisse e fizesse um montão de todos aqueles restos de ossos e carne, e que acendesse uma grande fogueira para reduzir tudo a cinzas. Bem via que o seu estômago estava ansioso por comer aquela carne, e que ainda subsistia o seu instinto de canibal, mas mostrei-lhe tanto horror ante a manifestação de tais desejos que não se atreveu a revelá-los, pois o fizera compreender que se prosseguisse com aquelas ideias o mataria.

Depois disto, regressámos ao castelo, onde me pus a trabalhar para Sexta-Feira; primeiro dei-lhe umas calças de pano que encontrara na arca do pobre artilheiro do buque naufragado, e, fazendo-lhes uma leve adaptação, consegui que lhe assentassem divinamente.

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pág. 173 (Capítulo 10)

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 173

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236