Robinson Crusoe - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 225 / 241

O comandante estava tão animado ao ver quase em seu poder o principal culpado, que apenas lhe deu tempo para se aproximar a fim de assegurar-se do golpe, porque até então não notara senão a sua voz. Mas a partir do instante em que os três marinheiros ficaram ao alcance de tiro, o comandante e Sexta-Feira levantaram-se de súbito e fizeram fogo. O contramestre ficou logo morto; outro, ferido no ventre, caiu ao seu lado, e só veio a morrer uma ou duas horas depois, e o terceiro escapou-se. Ao ruído da descarga, avancei imediatamente com todo o meu exército que então se compunha de oito homens, a saber: o generalíssimo, que era eu; Sexta-Feira, meu tenente-general; o comandante com os seus dois camaradas, e os três prisioneiros a quem havíamos confiado as armas.

Como caminhávamos na escuridão, não se podia reconhecer quantos éramos. Ordenei então ao marinheiro que tínhamos encontrado na chalupa, e que se havia passado para nós, que chamasse os camaradas pelos nomes, com o intuito de tratar de conferenciar com eles e, como consequência disso, acordar talvez numa capitulação, o que obteve um êxito completo. Percebe-se efectivamente muito bem que na sua situação não deviam pedir outra coisa que não fosse uma capitulação. O marinheiro pôs-se a dar vozes com todas as suas forças, chamando um deles.

- Tom Smith! Tom Smith!

- És tu, Robert? - respondeu imediatamente Tom

Smith, que lhe reconhecera a voz.

- Sim, sim - replicou Robert. - Em nome de Deus, Tom Smith, entreguem as armas e rendam-se, porque de contrário serão todos mortos já de seguida.

- E a quem nos temos de render? E onde estás? - exclamou Smith.

- Estamos aqui. Está também o nosso comandante e mais cinquenta homens que o acompanham e que os procuram há mais de duas horas - respondeu -; o segundo-contramestre foi morto, Wilfred está perigosamente ferido e eu prisioneiro. Se não se rendem todos, estão perdidos.





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