Robinson Crusoe - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 232 / 241

Por meu turno, abracei também o comandante como meu libertador, e felicitámo-nos mutuamente; disse-lhe que o encarava como um homem enviado pelo céu para me dar a liberdade; que todo o passado me parecia uma série de milagres; que tais coisas eram para mim um testemunho da influência da Providência sobre os acontecimentos e a prova de que a vista do Todo-Poderoso nos podia descobrir até no rincão mais recôndito da Terra, e socorrer um desgraçado como e quando lhe aprouvesse.

Não me esqueci de manifestar a Deus o meu reconhecimento. E quem não teria abençoado Aquele que, não só acudira as minhas necessidades num tal deserto de um modo tão maravilhoso e numa situação tão desesperada, mas também Aquele de quem procede toda, a salvação?

Depois de conversarmos algum tempo, o comandante referiu que tinha reservado para mim as poucas provisões que o buque continha, e que se haviam salvo do saque dos amotinados. Em seguida, chamou os marinheiros da chalupa e ordenou-lhes que trouxessem os objectos destinados ao governador. A oferta parecia convir menos a um homem que ia embarcar com eles do que a qualquer outro que tivesse de permanecer largo tempo na ilha.

Primeiro trouxeram uma grande caixa com garrafas de licores variados, águas cordiais excelentes, seis grandes garrafas de vinho da Madeira, cada uma com dois quartilhos; duas libras de bom tabaco, doze grandes bocados de vaca salgada e umas quantas arrobas de toucinho, um saco de ervilhas e cem libras de bolachas.

Além disto, haviam acrescentado uma caixa de açúcar, outra de farinha de flor, um saco de laranjas, duas garrafas de sumo de limão e muitas outras coisas mais. Deram-me também o que para mim era mil vezes mais necessário: seis camisas brancas novas, seis gravatas, dois pares de luvas, um par de sapatos, outro de meias, um chapéu e um formoso trajo completo que ele poucas vezes usara; numa palavra, vestiram-me dos pés à cabeça.





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