Robinson Crusoe - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 46 / 241

Calculei, pois, que existia ali uma corrente de água, e tive esperança de encontrar uma baía ou uma praia que me servisse de porto para desembarcar o meu carregamento.

As previsões realizaram-se: em breve descobri à minha frente uma pequena abertura da costa, para a qual me senti arrastado por uma forte corrente; governei, pois, a jangada o melhor que pude para manter-me no centro da corrente. Mas aqui tive de suportar outro naufrágio que me levou ao desespero. Não conhecendo a costa, um dos extremos da minha embarcação foi de encontro a um banco de areia e o outro ficou submerso. Nesta posição, muito pouco faltou para que o carregamento, deslizando para a parte inclinada, caísse à água. Fiz logo todo o possível para manter as arcas no lugar em que se achavam colocadas, segurando-as com os ombros, porque os meus esforços teriam sido insuficientes para desencalhar a jangada, não me atrevendo a abandonar a posição em que estava. Por conseguinte, sustive a carga com todas as minhas forças cerca de meia hora naquela atitude, tempo ao fim do qual a maré, levantando a pouco e pouco a jangada, acabou por endireitá-la. Alguns instantes depois a água, que continuava a subir, desencalhou-a e ao mesmo tempo, ajudado pelos meus remos, dirigi-a para o canal. Tendo vogado um pouco mais encontrei-me na embocadura de um pequeno rio, para a qual a corrente me arrastou rapidamente. Entretanto, procurei quer numa, quer na outra margem, um sítio apropriado para desembarcar, porque receava ser lançado demasiadamente para dentro do rio, pela esperança que tinha de descobrir alguma embarcação e, portanto, resolvi ficar o mais perto que pude da costa. Finalmente, descobri na margem direita da baía um pequeno ancoradoiro, para o qual me dirigi, não sem muita dificuldade. Cheguei a aproximar-me tanto que o remo tocava na areia. Já podia alcançar muito bem a margem mas se o fizesse expunha-me outra vez a que a jangada se afundasse.





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