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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 56
Quanto ao barril que se havia molhado, não me causou qualquer temor, e coloquei-o na adega ou, melhor, na cozinha, como em imaginação lhe chamava, e escondi tudo o resto nuns buracos das rochas ao abrigo da humidade, marcando cuidadosamente o sítio em que estavam.

Durante todo o tempo que despendi neste trabalho, não passei nenhum dia sem sair, ao menos uma vez, com a escopeta, ora para me distrair ora para ir buscar alguma ave para meu alimento, e ao mesmo tempo para saber quais eram os produtos da ilha. Na primeira vez que saí vi que nela se criavam cabras, o que me causou uma alegria indizível; mas esta foi ensombrada por uma contrariedade: aqueles animais eram tão selvagens, tão astutos e tão rápidos na corrida que se tornava quase impossível aproximar-me deles. Esta dificuldade, porém, não me desanimou, porque não tinha a mínima dúvida de que chegaria a matar algum, como se verificou poucos dias depois. Fiquei de atalaia e compreendi quais os meios de que me devia valer. Notei que quando me viam na planície, mesmo que elas estivessem nas rochas, fugiam terrivelmente espantadas; mas quando pastavam no vale e as olhava do cimo da montanha não se moviam nem faziam qualquer caso de mim. Julguei, pois, que a posição dos seus olhos não lhes permitia distinguir os objectos situados por cima delas. Tomei, então, a resolução de passar a caçá-las só do alto, e encontrei muitas vezes, desta maneira, ocasião de disparar sobre elas. A primeira vez que as visei feri uma que criava um cabritinho, circunstância que profundamente senti. Quando a mãe caiu, o filho permaneceu a seu lado até que fui apanhá-la e, quando a carreguei aos ombros, seguiu-me até casa. Depois de colocada a cabra no chão, tomei o filho nos braços e passei-o por cima da paliçada, com a esperança de domesticá-lo. Mas não quis comer, e vi-me forçado a matá-lo, servindo-me de alimento. Esta caçada forneceu-me de carne por largo tempo, porque vivia com economia e poupava as minhas provisões, sobretudo o pão, o mais possível.

Agora que deve começar um melancólico relato de uma vida solitária, de uma vida tal que, talvez, não haja outro exemplo no mundo, quero empreendê-lo desde o princípio e prossegui-lo com ordem.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 56

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236