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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 70
Agarrei em alguns borrachinhos para os domesticar, o que consegui; mas assim que cresciam desatavam a voar e não mais voltavam, talvez porque não lhes dava de comer, pois não tinha meios para isso. Entretanto, descobria muitos ninhos, donde tirava os borrachos, que eram um puro regalo.

À medida que ia regularizando a minha vida doméstica, notava que me faltavam uma porção de coisas, cuja construção me parecia impossível levar a cabo como, por exemplo, fazer um tonel e pôr-lhe aros. Embora tivesse um ou dois barris, nunca pude construir outro igual, por mais esforços e tempo que empregasse: não podia assentar os fundos nem unir as aduelas com perfeição bastante para que a água não saísse; assim, abandonei tal projecto.

Faltava-me outra coisa essencial: a luz, porque via necessidade de deitar-me impreterivelmente ao anoitecer. Então recordei-me daquele grande bocado de cera que possuía quando escapei à escravidão em África; mas agora já não o tinha. O meu único recurso foi conservar toda a gordura das cabras ou lamas que caçava; depois, fiz um pratinho de terra argilosa e pu-lo a secar ao sol; juntei-lhe uma mecha de estopa, com o que obtive uma espécie de palmatória que me deu luz, embora mais sombria e vacilante do que a de uma vela.

No meio de todos estes trabalhos encontrei um dia, ao revistar as minhas coisas, um saco, do qual disse já que estivera cheio de grão, destinado à criação transportada no buque, não na última viagem, mas numa anterior, quando regressou de Lisboa. O pouco que restava daquele grão achava-se roído pelas ratazanas; o saco quase nada mais continha do que pó e a cascarilha do grão. Tendo precisado deste saco, se não me engano para meter pólvora, no momento em que, devido à tempestade, a dividi em embrulhos, sacudi-o ao pé do penhasco, ao lado da estacada. Depois chegaram as grandes chuvas, que já mencionei, não me recordando de ter deitado nada naquelas paragens, quando, cerca de um mês depois, vi que alguns caules assomavam à superfície da terra.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 70

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236