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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 110
Enquanto percorria a rua escura, através do ar frio, embora langoroso, gerava-se-lhe uma sensação curiosamente esperançosa no peito. Quase acreditava que, algures na escuridão à sua frente, o esperava um corpo feminino. No entanto, sabia que não o aguardava mulher alguma, nem sequer Rosemary. Havia agora oito dias que ela lhe escrevera pela última vez. A pérfida! Oito dias inteiros sem lhe escrever! Quando se inteirasse do que as suas cartas representavam para ele!... Como era óbvio que já não o amava e considerava um mero empecilho, com a sua pobreza e aspecto sebento, se não andrajoso, apesar dos protestos em contrário. O mais provável era que não voltasse a escrever-lhe. Estava farta dele - farta dele, porque não tinha dinheiro. Que outra coisa devia esperar? Não exercia o menor ascendente nela. Sem dinheiro, não havia ascendente possível. Em última análise, o que prende uma mulher a um homem, senão o dinheiro?

Uma jovem avançava em sentido contrário, só.

Quando se cruzaram sob o clarão do candeeiro, viu que se tratava de uma rapariga da classe proletária, com cerca de dezoito anos, em cabelo, e rosto de rosa brava. Voltou a cabeça com prontidão, quando se apercebeu de que ele a olhava. Receava que os seus olhares se encontrassem. Por baixo do fino impermeável, cintado, os flancos juvenis revelavam flexibilidade e garbo. Gordon podia ter dado meia volta, para a seguir. Mas para quê? Ela limitar-se-ia a estugar o passo ou chamar um polícia. Ele tinha trinta anos e estava carcomido pelo tempo. Que mulher merecedora de ser possuída o olharia duas vezes?

Essa história das mulheres! Talvez encarasse o assunto de outro modo se fosse casado. Todavia, ele há muito que jurara não contrair matrimónio. Na realidade, o casamento não passa de uma armadilha preparada pelo deus-dinheiro. Tropeçamos nela, a mola solta-se e ficamos presos pela perna a um «bom» emprego, até que nos conduzem à morada permanente. E que vida! Relações sexuais ilícitas à sombra da aspidistra. Empurrar o carrinho do bebé e adultérios à socapa.

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pág. 110 (Capítulo 7)

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 110

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251