Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: Capítulo 7

Página 115
Ele gostava em particular do chapéu - um daqueles chapéus de feltro baixos então em voga, que caricaturavam os de obas usados pelo clero anglicano. Havia nele algo de essencialmente frívolo. De um modo difícil de explicar, o ângulo em que se encontrava inclinado para a frente harmonizava-se atraentemente com a curvatura das costas dela.

- Gosto do teu chapéu - acabou por dizer.

Ela não pôde evitar uma sugestão de sorriso no canto dos lábios.

- Sim, é bonito - reconheceu, tocando levemente com os dedos no chapéu.

Continuava, todavia, a fingir-se zangada e preocupava-se em evitar que os seus corpos contactassem. Quando chegaram ao final da fiada dupla de barracas e desembocaram na rua principal, deteve-se e encarou-o com ar grave.

- Qual foi a tua ideia ao enviares-me uma carta daquelas?

- Daquelas, quais?

- A dizer que eu te despedaçava o coração.

- E despedaças.

- Está-se mesmo a ver!

- Isso não sei. Pelo menos, é o que sinto.

As palavras eram pronunciadas meio a brincar, mau grado o que a obrigaram a olhá-lo mais minuciosamente - o rosto pálido angustiado, o cabelo necessitado dos cuidados do barbeiro, o aspecto geral de abandono e mesmo desleixo. O coração contraiu-se-lhe instantaneamente, apesar do que enrugou a fronte. «Porque não cuidará de si?», foi o primeiro pensamento que lhe acudiu. Entretanto, tinham-se aproximado mais um do outro. Gordon segurou-a pelos ombros.

Ela não se opôs e, colocando os pequenos braços em torno dele, apertou-o com força - em partes mais ou menos iguais de afecto e desespero.

- És de facto uma criatura lastimosa. Gordon.

- Porquê?

- Porque não cuidas um pouco de ti? Pareces um autêntico espantalho. Olha para essa roupa velha que vestes!

- Adapta-se à minha, situação. Uma pessoa não pode trajar decentemente, com duas libras por semana. - Mas não precisas de parecer um trapeiro. Já viste que' tens um botão do casaco reduzido a metade?

Rosemary pousou os dedos no botão em causa e, de súbito, levantou a gravata de lã descolorida. A intuição feminina levara-a a adivinhar que a camisa não tinha botões.

<< Página Anterior

pág. 115 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 115

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251