- Todas as mulheres são iguais nestes assuntos. Desprezam os homens que dependem delas e as sugam. Podem dizer que não, ou mesmo pensar que não, mas é assim. Não o podem evitar. Se permitisse que me pagassem o jantar, desprezavas-me.
Ele voltou-lhe as costas, consciente de que se comportava de forma abominável. No entanto, aquelas coisas tinham de ser ditas.
O sentimento de que as pessoas - a própria Rosemary - deviam desprezá-lo pela sua pobreza era demasiado forte para que o dominasse. Somente graças a uma independência rígida e zelosa conseguiria manter o respeito por si próprio. Desta vez, ela mostrava-se realmente impressionante. Pegou-lhe no braço e obrigou-o a encará-la. Com um gesto insistente, furiosa mas exigindo ser amada, comprimiu o peito 'contra ele.
- Não consinto que fales assim! Como podes pensar sequer que te desprezaria?
- Não o conseguirias evitar, se eu te sugasse:
- Se me sugasses? Vais buscar cada expressão! Como podes chamar sugar a deixar-me pagar-te o jantar uma única vez?
Gordon sentia os seios pequenos, porém firmes e redondos, em contacto com o seu peito. Ela olhava-o, de cenho franzido, mas as lágrimas não se encontravam longe. Considerava-o perverso, irrazoável e cruel. No entanto, a proximidade física absorvia a atenção dele. Naquele momento, a única coisa de que conseguia recordar-se era que, em dois anos, Rosemary nunca lhe cedera. Fazia-o passar fome daquilo que mais importava. De que servia fingir que o amava, quando se retraía no facto essencial? Com uma espécie de prazer amargurado, observou:
- Desprezas-me, de certo modo. Sim, sei que gostas de mim, mas não consegues encarar-me a sério. Sou como que uma anedota para ti. Gostas de mim, mas não pertenço totalmente ao teu nível. É assim que pensas.
Correspondia ao que dissera antes, mas com uma diferença: agora, falava com sinceridade ou exprimia-se como se tal acontecesse.
- Não é verdade! - exclamou ela, com lágrimas na voz. - Sabe-lo perfeitamente!
- É, sim. Reside aí a verdadeira razão por que não queres dormir comigo. Não to disse já?