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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 164

- Nunca tive oportunidade de me cultivar muito- admitiu o motorista, meneando a cabeça. - Exprimia-me por parábolas.

- Contento-me com o inglês básico.

- Era a língua de Shakespeare.

- É um intelectual, por acaso?

- Pareço tão carcomido como isso?

- Carcomido, não. Só intelectual.

- Tem toda a razão. Poeta.

- Poeta? Bem, é preciso todo o tipo de pessoas para constituir o mundo, suponho. - E que rico mundo é...

Os pensamentos de Gordon denotavam uma veia lírica, naquela noite. Os dois homens pediram novas bebidas e acabaram por regressar ao táxi de braço dado, após mais um gim por cabeça. Eram já cinco que Gordon tomava, naquela noite. Experimentava uma sensação etérea nas veias, como se o álcool se tivesse misturado com o sangue. Reclinou-se no canto do banco, o olhar perdido nos dísticos luminosos da escuridão azulada. O vermelho e azul intensos do néon agradavam-lhe momentaneamente. Com que suavidade o táxi rolava! Parecia mais uma gôndola que um carro. Era o facto de possuir dinheiro que' permitia aquilo. O dinheiro lubrificava as rodas. Pensou no serão que o aguardava: boa comida, bom vinho, boa conversa e, acima de tudo, nenhuma preocupação pelo dinheiro.

Nada de hesitações nas despesas por causa de seis pence e «Não podemos comprar isto!" e "Não podemos comprar aquilo!". Rosemary e Ravelston tentariam impedi-lo de fazer extravagâncias, mas ele calá-los-ia. Gastaria até ao último péni que se propusesse. Dez libras inteiras para esbanjar. Bem, cinco, pelo menos. A imagem de Júlia acudiu-lhe fugazmente ao espírito, mas extinguiu-se com prontidão.

Achava-se perfeitamente sóbrio, quando abandonou o táxi à entrada do Modigliani. O monstruoso porteiro, como uma enorme figura de cera com o mínimo de articulações, avançou rigidamente para abrir a porta do veículo, e o olhar sombrio absorveu com desagrado a indumentária do cliente potencial. Isso não significava que fosse necessário trajar a rigor no Modigliani, um ambiente que se revelava tremendamente boémio, mas há maneiras e maneiras de ser boémio, e a de Gordon não era a apropriada.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 164

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251