Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: Capítulo 11

Página 220

- O seu erro foi supor que uma pessoa pode viver numa sociedade corrupta sem se corromper. No fundo, que consegue ao recusar-se a ganhar dinheiro? Tenta comportar-se como se fosse possível aguentar-se pelos seus próprios meios fora do nosso sistema económico. Mas não é. Ou mudamos o sistema ou não alteramos nada. Não podemos endireitar as coisas refugiados numa toca, se porventura me faço entender.

Gordon sacudiu um pé na direcção do tecto dominado pelos percevejos.

- Admito que isto é uma toca.

- Eu não quis dizer isso - redarguiu Ravelston, algo penalizado.

- Mas enfrentemos os factos. Parece-me que eu devia procurar um bom emprego, não é assim?

- Depende do emprego. Concordo plenamente que não queira vender-se à agência publicitária, mas afigura-se-me deplorável que continue na actual ocupação, a todos os títulos hedionda.

- Restam-me os poemas - lembrou Gordon, sorrindo com a sua anedota íntima.

Ravelston mostrou-se desconcertado. As palavras que acabava de ouvir reduziram-no ao silêncio. Sem dúvida que restavam os poemas de Gordon, Prazeres Londrinos, por exemplo. Ambos sabiam e cada um sabia que o outro sabia que Prazeres Londrinos nunca seriam completados. Provavelmente, Gordon não voltaria a escrever um único verso; pelo menos, enquanto permanecesse naquele horrível lugar, no emprego tipo beco-sem-saída e no actual estado de espírito de vencido.

Pusera termo a tudo aquilo. Todavia, ainda não se podia exprimir por palavras. Por enquanto, vigorava a pretensão de que era um poeta lutador - o convencional poeta de mansarda.

Ravelston não tardou muito a levantar-se para sair. Aquele lugar mal cheiroso oprimia-o, e tornava-se cada vez mais óbvio que Gordon não o queria ali. Começou a mover-se com hesitação para a porta, enquanto calçava as luvas, mas retrocedeu, retirando a da mão esquerda e batendo com ela na perna.

- Escute, Gordon, não me leve a mal que o diga, mas este ambiente é degradante. A casa, a rua... tudo.

- Eu sei. É uma pocilga. Convém-me.

- Mas tem de viver num meio destes?

- Sabe- perfeitamente quanto ganho, meu amigo. Trinta xelins por semana.

<< Página Anterior

pág. 220 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 220

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251