Pousou a xícara de café na mesa e disse:
- É aqui que colocaremos a aspidistra.
- Colocaremos a quê?
- Aspidistra.
Ela saltou uma gargalhada, mas, venda que supunha que se tratava de um gracejo, ele volveu:
- Temas de ir comprar uma antes de as floristas fecharem.
- Não' falas a séria, Gordon! Pensas mesma em ter uma aspidistra em casa?
- Com certeza. E não a deixaremos cobrir-se de pó. Dizem que uma escova é o que há de melhor para a limpar.
Rosemary acercou-se e beliscou-lhe o braço.
- Não falas a sério, pois não?
- Por que duvidas?
- Uma aspidistra! Ter em casa uma dessas plantas deprimentes! De resto, ande a poríamos? Não a quero na sala, e no quarto ainda menos. Era o que faltava, uma aspidistra no quarto!
- Não a poremos no quarto. O lugar ideal é aqui.
Na janela da frente, ande os vizinhas do outro lado da rua a podem ver.
- Não acredita que fales a sério!
- Falo, sim. Temas de comprar uma aspidistra.
- Mas porquê?
- Parque é indispensável num lar. Na verdade, é a primeira coisa que se compra, depois de casar. Faz praticamente parte' da cerimónia nupcial.
- Não digas tolices! Eu não suportaria uma planta dessas cá em casa. Compramos um gerânio, se quiseres, mas nunca uma aspidistra.
- Um gerânio não serve. Tem de ser uma aspidistra.
- Pois não quero, e acabou-se.
- Temas de a comprar. Não prometeste obedecer-me?
- De modo algum. Não casámos pela igreja.
- É uma coisa que está implícita no serviço do matrimónio. «Amor, honra, obediência» e' tudo a resto.
- Não' está, não senhor. Seja como for, as aspidistras não entram cá em casa.
- Isso é que' entram.
- Já disse que não!
- E eu que sim.
- Não!
- Sim!
- Não!
Rosemary não o compreendia e admitiu a possibilidade de ele tentar apenas mostrar-se perverso. Começaram a acalorar-se e, em obediência ao seu hábito, discutiram violentamente. Era a sua primeira briga depois de casadas. Meia hora mais tarde, dirigiram-se à florista para comprar a aspidistra.