Alguém viu por casualidade, um poema dele numa revista e fez constar que «tinham um poeta no escritório». Gordon foi naturalmente desfrutado, sem má intenção, pelos outros empregados e, a partir de então, chamaram-lhe. «bardo». Mas, apesar de divertidos, também sentiam' uma ponta de desdém. O facto confirmava as suas ideias acerca do colega. Um fulano que escrevia poesia não possuía o estofo apropriado para Triunfar. No entanto, o episódio teve uma sequela imprevista. Quando o pessoal se cansou de o desfrutar, o director-gerente, Mr. Ersklne, que até então quase não reparara nele, mandou-o chamar e entrevistou-o.
Mr. Erskine era um homem alto e' forte, de movimentos lentos, com rosto adiposo, inexpressivo e saudável. Em virtude do seu aspecto geral e maneira pousada de falar, uma pessoa poderia conjecturar com confiança que se achava de algum modo relacionado com a agricultura ou criação de gado. Era de compreensão tão lenta como os seus movimentos e pertencia àquele género de indivíduos que nunca se inteiram de nada até que todos os outros deixam de falar disso... A razão pela qual um homem daqueles se achava à testa de uma firma publicitária só os estranhos deuses do capitalismo poderiam explicar. Não obstante, era uma pessoa de trato agradável, desprovido do espírito altivo e pretensioso em geral associado à capacidade de ganhar dinheiro. E, de certo modo, a compreensão lenta resultava-lhe vantajosa. Como era insensível aos preconceitos populares, podia avaliar os outros pelas seus méritos, o que lhe permitia escolher os empregados talentosos. A nova de que Gordon escrevia poemas, longe de o chocar, impressionou-o vagamente. Faltavam os talentos literários, na New Albion. Assim, depois de o mandar chamar, observou-o de um modo dissimulado e sonolento e dirigiu-lhe um certo número de perguntas inconclusivas.
Não prestava atenção às respostas, mas sublinhava as interrogações com um ruído que soava como «Hum, hum, hum». Com que então, escrevia versos, hem? Ah, sim? Hum. E tinham sido publicados por jornais?