Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: Capítulo 5

Página 75

Encontrava-se algures em Lambeth, numa área miserável onde as ruas estreitas e sulcadas de charcos de água mergulhavam na escuridão a uns oitenta metros. Os escassos candeeiros públicos, envoltos numa aura de neblina, lembravam estrelas isoladas que não iluminavam nada além deles mesmos. Gordon começava a sentir uma fome demoníaca. Os cafés tentavam-no, com as montras embaciadas e os dizeres traçados a giz: «Uma chávena bem quente por dois pence.» Mas era inútil, não podia gastar o seu Joey. Atravessou a arcada de um viaduto e transpôs outra artéria estreita em direcção à Ponte de Hungerford. Na água lodosa, iluminada pelo clarão de anúncios, a sujidade do leste de Londres movia-se para terra. Rolhas, limões, aduelas de pipas, um cão morto, pedaços de pão. Ele percorreu o Embankment a caminho de Westminster. O vento agitava os plátanos ruidosamente. Vivamente, o vento ameaçador varre... Estremeceu. Outra vez aquela porcaria! Apesar de estarmos em Dezembro, alguns pobre e velhos vagabundos acomodavam-se nos bancos e envolviam-se em jornais. Gordon olhou-os com indiferença. Um dia, também ingressaria na categoria dos vagabundos. Estaria melhor que agora? Nunca sentia compaixão pelos autenticamente pobres. Era o pobre de capa negra, a classe média-média, que a merecia.

Seguiu para Trafalgar Square. Horas e horas para matar. A Galeria Nacional? Ora, há muito que fechara, naturalmente. Eram sete' e um quarto. Faltavam três, quatro, cinco horas para que pudesse dormir. Contornou a praça sete vezes, com lentidão. Quatro no sentido dos ponteiros do relógio e três no inverso. Tinha os pés cada vez mais doridos e os bancos estavam vazios, mas não queria sentar-se. Se parasse por um único instante, o desejo do tabaco assolá-lo-ia. Na Charinq Cross Road, os salões de chá atraíam a atenção como o som de sirenas de alarme. Em dada altura, abriu-se a porta de um e brotou uma onda de ar quente com cheiro a bolos que quase o sufocou.

No fundo, por que não entrar? Poderia permanecer sentado durante quase uma hora. Uma chávena por dois pence e dois biscoitos a um péni cada um.

<< Página Anterior

pág. 75 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 75

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251