Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: Capítulo 5

Página 76
Possuía quatro pence e meio, contando com o Joey. Mas não! Maldito Joey! A empregada na caixa sorriria de escárnio. Numa visão límpida, viu-a receber a moeda de três pence e trocar um olhar de inteligência com a colega do balcão. Elas saberiam que se tratava dos seus últimos três pence. Era inútil. Devia prosseguir em frente, sem parar.

Os passeios achavam-se- densamente concorridos, ao clarão baço das luzes de néon. Gordon continuava a sua caminhada - um vulto pequeno e apagado de rosto pálido e cabelo desgrenhado. A multidão movia-se a seu lado, e ele evitava e era evitado. Existe algo de terrível em Londres à noite: a frieza, o anonimato, a indiferença. Sete milhões de pessoas que se deslocam de um lado para o outro, evitando o contacto, quase alheias à existência dos outros, como peixes num aquário. A rua abundava em moças atraentes, que deslizavam junto dele sem o ver - ninfas frias que temiam o olhar do sexo oposto. Era curioso como muitas pareciam estar sós ou com outra rapariga. Muitas mais mulheres sós do que- com homens, segundo Gordon pôde notar. Isso também se relacionava com o dinheiro. Quantas não preferiam prescindir de companhia masculina a aceitar a de, um homem sem recursos materiais?

Os botequins estavam abertos e exalavam baforadas azedas de cerveja. Pessoas acudiam, solitárias ou aos pares, aos cinemas. Gordon deteve-se à entrada de um, sob o olhar desconfiado do porteiro, para observar os cartazes. Greta Garbo em O Véu Pintado. Apetecia-lhe entrar, embora não por causa da famosa artista, mas apenas pela atmosfera quente e suavidade da poltrona aveludada.

Detestava o cinema em si e raramente entrava numa sala da especialidade, mesmo quando dispunha de dinheiro para tal. Estar sentado no lugar estofado imerso na escuridão com odor de tabaco e deixar as cenas palpitantes da tela envolvê-lo gradualmente sentindo as ondas de insensatez absorvê-lo até que parecia afogar-se, intoxicado, num mar viscoso -, representava, em boa verdade, a droga de que uma pessoa necessitava.

<< Página Anterior

pág. 76 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 76

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251