Sangue Azul - Cap. 11: 11 Pág. 112 / 287

sentir-se muito mais habituada a estar na companhia do capitão Wentworth do que ao princípio imaginara viesse, jamais, a ser possível, ao ponto de sentar-se agora à mesma mesa com ele, e a troca de cortesias comuns inerentes a esse facto - nunca foram para além disso - estar a tornar-se uma mera insignificância.

As noites estavam demasiado escuras para as senhoras voltarem a encontrar-se antes do dia seguinte, mas o capitão Harville prometera-lhes uma visita à noite, e não faltou - trouxe até o seu amigo, o que ultrapassava o que poderiam ter esperado, pois era caso assente que o capitão Benwick tinha toda a aparência de se sentir oprimido com a presença de tantos desconhecidos. No entanto, voltou a aventurar-se entre eles, embora a sua disposição não parecesse adequada à alegria do grupo em geral.

Enquanto os capitães Wentworth e Harville conduziam a conversa num lado da sala e, recorrendo a tempos passados, contavam histórias com abundância suficiente para ocupar e divertir os outros, a Anne calhou-lhe ficar colocada um pouco à parte com o capitão Benwick, e um bom impulso da sua natureza obrigou-a a travar conversa com ele. Benwick era tímido e com tendência para o alheamento, mas a doçura cativante do rosto dela, aliada à suavidade dos seus modos, depressa produziram os seus efeitos, e Anne foi bem recompensada pelo esforço inicial. Ele era sem dúvida um jovem de muito bom gosto no tocante a leituras, embora principalmente no campo da poesia; e além da persuasão de lhe ter proporcionado pelo menos um serão em que pôde discorrer sobre assuntos que, provavelmente, não interessavam nada aos seus companheiros habituais, Anne acalentou a esperança de lhe ser verdadeiramente útil com algumas sugestões acerca do dever e do proveito de lutar contra a angústia, que brotara naturalmente da sua conversa - pois, embora tímido, ele não parecia reservado.





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