Sangue Azul - Cap. 12: 12 Pág. 128 / 287

Tudo isto foi dito com uma verdade e sinceridade de sentimento irresistível.

Charles, Henrietta e o capitão Wentworth reuniram-se os três, para deliberarem, e durante alguns momentos não conseguiram mais do que um intercâmbio de perplexidade e terror. «Uppercross, a necessidade de alguém ir a Uppercross; a notícia a transmitir, e como poderia ser transmitida, a Mr. e Mrs. Musgrove; o adiantado da manhã, decorrida já quase uma hora desde que deviam ter partido; a impossibilidade de chegar a horas aceitáveis...» Ao princípio, nada mais conseguiram, a esse respeito, do que frases deste tipo. Mas, passado um bocado, o capitão Wentworth fez um esforço e disse:

- Temos de ser decididos e não perder nem mais um instante. Cada minuto que passa é precioso. Alguém tem de partir para Uppercross imediatamente. Musgrove, você ou eu, um de nós tem de ir.

Charles concordou. Mas afirmou a sua resolução de não se afastar dali. Causaria o mínimo estorvo possível ao capitão e a Mrs. Harville, mas quanto a deixar a irmã em semelhante estado, não devia nem podia fazê-lo. Até aí, estava decidido. E Henrietta, ao princípio, declarou o mesmo. Não foi, no entanto, necessário muito tempo para a persuadir a pensar de modo diferente. Qual seria a utilidade da sua permanência? Ela que não fora capaz de ficar no quarto de Louisa, ou de a olhar sequer, sem um sofrimento tal que a deixara pior do que incapacitada! Foi obrigada a reconhecer que não teria qualquer utilidade; no entanto, continuou relutante em se afastar, até que, comovida com o pensamento do pai e da mãe, cedeu, consentiu: estava ansiosa por se encontrar em casa.

O plano chegara a esta fase quando Anne, que descia silenciosamente do quarto de Louisa, não pôde deixar de ouvir o que se seguiu, pois a porta da sala estava aberta.





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