- Embora ele não tenha tido a coragem de vir connosco e deslocar-se depois aqui para uma visita formal, há-de vir um dia, propositadamente, a Kellynch, pode contar com isso. Eu informei-o da distância e da estrada, e disse-lhe que valia muito a pena ver a igreja, pois como ele gosta desse tipo de coisas pensei que seria um bom pretexto, e o capitão escutou-me com toda a sua atenção e entusiasmo. Estou certo, pela sua atitude, de que terá aqui a sua visita, em breve. Por isso, estou a avisá-la, Lady Russell.
- Qualquer conhecido da Anne será sempre bem-vindo - foi a resposta amável de Lady Russell.
- Oh, quanto a ser conhecido da Anne - declarou Mary -, penso que é, antes, meu conhecido, pois vi-o todos os dias, nas duas últimas semanas.
- Bem, nesse caso, como conhecido de ambas, terei muito gosto em ver o capitão Benwick.
- Não encontrará nele nada de muito agradável, garanto-lhe. É um dos jovens mais aborrecidos que já deve ter vivido. Passeou comigo algumas vezes, de um extremo ao outro do areal, sem dizer uma palavra. Não é nada um jovem bem educado. Tenho a certeza de que a senhora não gostará dele.
- Quanto a isso, discordamos, Mary - disse Anne. - Eu acho que Lady Russell gostaria dele. Penso que ficaria tão agradada com a sua mentalidade que não tardaria a ver nenhuma deficiência nas suas maneiras.
- Também eu, Anne - concordou Charles. - Estou certo de que Lady Russell gostaria dele. É exactamente o tipo dela. Dêem-lhe um livro, e passará o dia inteiro a lê-lo.
- Ah, isso é verdade! - exclamou Mary, provocadoramente. - Senta-se a ler o seu livro e nem dá por isso quando uma pessoa lhe dirige a palavra, ou deixa cair a tesoura, ou acontece qualquer outra coisa. Acham que Lady Russell gostaria disso?
Lady Russell não pôde deixar de rir.