Sangue Azul - Cap. 14: 2 Pág. 146 / 287

A Mary sabe que é verdade.

Mas Mary não se deu de muito bom grado por vencida, resta saber se por não considerar o capitão Benwick digno, por nascimento e situação, de estar apaixonado por uma Elliot, ou por não querer reconhecer Anne como uma atracção maior para Uppercross do que ela. Mas a benevolência de Anne não se deixou abalar pelo que ouviu. Declarou-se ousadamente lisonjeada e continuou a perguntar.

- Oh, ele fala de ti em tais termos! - exclamou Charles, e Mary interrompeu-o:

- Francamente, Charles, nunca o ouvi mencionar a Anne duas vezes, durante todo o tempo que lá passei. Palavra, Anne, ele nunca fala sequer de ti.

- Não - admitiu Charles -, suponho que nunca o faz, de modo geral. No entanto, 'é claríssimo que te admira extraordinariamente. Anda com a cabeça cheia de uns livros que está a ler por recomendação tua, e quer falar contigo a respeito deles. Descobriu não sei o quê, num deles, que considera... Oh, não tenho a pretensão de me lembrar ao certo, mas ele disse qualquer coisa muito interessante - ouvi-o contar à Henrietta tudo a esse respeito, e falar-lhe de «Miss Elliot» nos termos mais elevados! Sim, Mary, afirmo que foi assim mesmo, eu próprio ouvi e tu estavas na outra sala. «Elegância, doçura, beleza», oh, não havia palavras que chegassem para descrever os encantos de Miss Elliot!

- E eu tenho a certeza - replicou Mary acaloradamente - de que, se o fez, isso abona muito pouco a seu favor! Miss Harville morreu apenas em Junho último. Um coração assim é muito pouco digno de possuir, não acha, Lady Russell? Tenho a certeza de que concorda comigo.

- Antes de decidir, tenho de ver primeiro o capitão Benwick - respondeu Lady Russell, sorrindo.

- Posso-lhe dizer que é muito provável que o veja em breve, minha senhora - declarou Charles.





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