Sangue Azul - Cap. 15: 3 Pág. 157 / 287

Um homem sensato - e ele parecera um homem muito sensato! Qual poderia ser o seu desígnio ao proceder assim? Anne só encontrava uma resposta: talvez fosse por causa de Elizabeth. Podia ter havido, de facto, uma simpatia, inicialmente, embora a conveniência e o acaso o tivessem afastado para um caminho diferente, e agora que se podia dar ao luxo de fazer o que lhe agradava, era possível que pretendesse cortejá-la. Elizabeth era sem dúvida muito bela, muito bem educada, possuidora de maneiras elegantes, e o seu carácter talvez nunca tivesse sido bem avaliado por Mr. Elliot, que só a conhecera em público e quando ele era muito jovem. Como o temperamento e a mentalidade de Elizabeth resistiriam à investigação deste período mais penetrante da vida dele, essa era outra questão, e assaz assustadora. Anne desejava muito sinceramente que ele não fosse demasiado rigoroso, nem demasiado observador, se Elizabeth era de facto o seu objectivo - e que Elizabeth estava inclinada a acreditar que era, e a sua amiga Mrs. Clay encorajava a ideia, pareceu-lhe aparente por um ou dois olhares que trocaram, enquanto se falava das frequentes visitas de Mr. Elliot.

Anne mencionou os breves momentos em que o vira em Lyme, mas sem merecer grande atenção. «Oh, sim, talvez tivesse sido Mr. Elliot. Não sabiam. Podia ter sido ele, talvez.» Não puderam ouvi-la fazer a sua descrição dele: estavam a descrevê-lo eles próprios, especialmente Sir Walter. Fez justiça ao seu aspecto muito cavalheiresco, ao seu ar de elegância e moda, ao seu rosto bem talhado, aos seus olhos judiciosos, mas, ao mesmo tempo, não podia deixar de «lamentar o seu queixo muito saliente, uma imperfeição que o tempo dir-se-ia ter acentuado, nem fingir que dez anos não tinham alterado quase todas as suas feições para pior.





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