Sangue Azul - Cap. 17: 5 Pág. 174 / 287

Smith, em que o ânimo quase lhe faltara. Agora não podia considerar-se uma inválida, em comparação com o seu estado ao chegar a Bath. Nessa altura, sim, encontrava-se num estado lastimoso, pois apanhara frio na viagem e, mal se instalara ali, ficara de novo confinada ao leito e atormentada por dores fortes e constantes - e tudo isso entre desconhecidos, com a necessidade absoluta dos cuidados regulares de uma enfermeira e as suas finanças, naquele momento, particularmente inadequadas para fazerem frente a qualquer despesa extraordinária. Mas resistira, apesar de tudo, e podia dizer que lhe fizera bem. Aumentara o seu conforto, fazendo-a sentir que estava em boas mãos. Conhecia por demais o mundo para esperar afecto súbito ou desinteressado fosse onde fosse, mas a doença mostrara-lhe que a sua senhoria possuía um carácter excepcional e não a tratara mal; e fora particularmente afortunada no facto de a enfermeira, que era irmã da senhoria e enfermeira de profissão, ter sempre um lar naquela casa, quando se encontrava desempregada, e se encontrar na altura, por acaso, livre para cuidar dela.

- E - acrescentou Mrs. Smith, - além de cuidar admiravelmente de mim, revelou-se na verdade um conhecimento inestimável. Assim que pude servir-me das mãos, ensinou-me a fazer malha, o que me tem entretido muito, e pôs-me a fazer estes pequenos estojos para linhas, almofadas para alfinetes e porta-cartões, com os quais me encontra sempre tão atarefada e que me proporcionam os meios necessários para fazer um pouco de bem a uma ou duas famílias muito pobres deste bairro. Ela tem muitos conhecimentos, profissionalmente, claro, entre aqueles que podem comprar, e coloca a minha mercadoria. Sabe sempre escolher o momento exacto para tentar vendê-la.





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