Sangue Azul - Cap. 18: 6 Pág. 188 / 287

Depois de Mrs. Clay pagar o seu tributo de uma atenção mais decente, perguntando por Mrs. Charles Musgrove e pelos seus belos rapazinhos, Anne ficou livre.

No seu próprio quarto, tentou compreender o que acontecera. Razão tinha Charles para se perguntar o que sentiria o capitão Wentworth! Talvez ele tivesse abandonado o terreno, desistido de Louisa, deixado de a amar, descoberto que não a amava. Anne não podia suportar a ideia de ter havido perfídia ou leviandade, ou alguma coisa parecida com desconsideração, entre ele e o seu amigo. Não podia aceitar que uma amizade como a deles fosse deslealmente desfeita.

O capitão Benwick e Louisa Musgrove! A viva, alegre e tagarela Louisa Musgrove e o desalentado, pensativo, sensível e dado a leituras capitão Benwick pareciam, cada um deles, tudo o que não combinaria com o outro. As suas mentalidades, tão diferentes! Onde poderia ter residido a atracção? A resposta não tardou a surgir: na situação. Os acontecimentos tinham-nos reunido durante várias semanas; tinham vivido no seio da mesma pequena família; desde o regresso de Henrietta a casa, deviam ter dependido quase inteiramente um do outro, e Louisa, a refazer-se da doença, encontrava-se numa situação interessante - e o capitão Benwick não estava inconsolável. Este era um pormenor de que Anne não pudera deixar de suspeitar antes, e em vez de, ante o presente curso dos acontecimentos, tirar a mesma conclusão que Mary, pareceu-lhe, pelo contrário, que estes só confirmavam a ideia de que ele sentira algum despontar de ternura em relação a ela própria. Não pretendia, no entanto, extrair dessa desconfiança, para satisfazer a sua vaidade, muito mais do que Mary poderia ter permitido. Estava persuadida de que qualquer jovem mulher razoavelmente agradável que o tivesse escutado e se tivesse interessado por ele teria recebido o mesmo cumprimento.





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