Ele possuía um coração afectuoso. Tinha de amar alguém.
Anne não via razão nenhuma para que não fossem felizes. Para começar, Louisa tinha grande fervor pela Armada, e eles tornar-se-iam em breve mais parecidos. Ele ganharia em boa disposição e ela aprenderia a ser uma entusiasta de Walter Scott e Lord Byron - ou melhor, talvez já tivesse mesmo aprendido isso: é claro que se tinham apaixonado pela poesia! A ideia de Louisa Musgrove transformada numa pessoa de gosto literário e pendor sentimental era engraçada, mas Anne não duvidava de que assim sucedia. O dia em Lyme, a queda do Cobb, poderiam influenciar a sua saúde, os seus nervos, a sua coragem e o seu carácter até ao fim dos seus dias tão inteiramente como pareciam ter influenciado o seu destino.
A conclusão a extrair era: se a mulher que fora sensível aos méritos do capitão Wentworrh era capaz de preferir outro homem, então não havia nada no noivado que suscitasse espanto duradoiro. E se, com isso, o capitão Wentworrh não tinha perdido nenhum amigo, não haveria com certeza nada que justificasse pesar. Não, não era pesar o que fazia o coração de Anne bater mais depressa, mau grado seu, e lhe ruborizava as faces quando pensava no capitão Wentworth descomprometido e livre. Tinha alguns sentimentos que se envergonhava de investigar. Assemelhavam-se tanto a júbilo, júbilo insensato!
Estava ansiosa por ver os Croft, mas quando isso aconteceu foi evidente que nenhum rumor da notícia lhes chegara ainda ao conhecimento. A visita de cerimónia foi feita e retribuída, e Louisa Musgrove mencionada, assim como o capitão Benwick, sem um meio-sorriso, sequer.
Os Croft tinham-se instalado em Gay-street, com inteira satisfação de Sir Waiter. Este não se sentia nada envergonhado do conhecimento e, na verdade, pensava e falava muito mais do almirante do que o almirante pensava ou falava dele.