sua interessante - quase excessivamente interessante - conversa teve de ser interrompida durante algum tempo, mas a penitência era leve, comparada com a felicidade que a originara! Anne ficara a saber, nos últimos dez minutos, mais sobre os sentimentos dele a respeito de Louisa, mais até sobre todos os sentimentos dele, do que ousava pensar! E entregou-se às exigências da reunião, às indispensáveis cortesias do momento, com excelentes, ainda que agitadas, sensações. Sentia-se bem humorada com toda a gente. Recebera ideias que a tinham disposto para ser cortês e amável com todos, e para se compadecer de todos por estarem menos felizes do que ela.
As deliciosas emoções foram um pouco mitigadas quando, ao recuar do grupo para se juntar de novo ao capitão Wentworth, viu que ele desaparecera. Teve apenas tempo de o ver entrar na sala do concerto. Tinha-se ido embora, desaparecera: sentiu um pesar momentâneo. Mas depois pensou que voltariam a encontrar-se. Ele havia de procurá-la e encontrá-la muito antes de o serão terminar, e de momento talvez fosse melhor estarem separados. Ela precisava de um pequeno intervalo para recordar.
Com a chegada de Lady Russell, pouco depois, o grupo ficou completo e só faltava reunirem-se e dirigirem-se para a sala do concerto - e produzirem todo o efeito que estivesse ao seu alcance, atrair tantos olhares, provocar tantos murmúrios e perturbar tantas pessoas quantas pudessem.
Muito, muito felizes estavam tanto Elizabeth como Anne Elliot quando entraram na sala. Elizabeth, de braço dado com Miss Carteret e olhos postos nas costas largas da viscondessa viúva de Dalrymple, à sua frente, não podia desejar nada que não estivesse ao seu alcance, e Anne... Mas seria um insulto para a natureza da felicidade de Anne estabelecer qualquer comparação entre a sua e a da irmã: a origem de uma era toda vaidade egoísta, a outra era toda afecto generoso.