Sangue Azul - Cap. 3: 3 Pág. 21 / 287

- Oh, Sir Walter - exclamou Mrs. Clay -, está a ser muito severo. Tenha um pouco de compaixão pelos pobres homens. Nem todos nascemos para sermos bonitos. Sem dúvida que o mar não embeleza, os marinheiros envelhecem depressa, sim, eu tenho observado isso muitas vezes, eles perdem cedo o ar da juventude. Mas, no fim de contas, não acontece o mesmo com muitas outras profissões, talvez até com a maioria delas? Os soldados no serviço activo não estão em melhores circunstâncias, e até mesmo nas profissões mais calmas existe uma labuta e um esforço mental, se não físico, que raramente deixa o aspecto de um homem aos efeitos naturais do tempo. O advogado arrasta-se, sobrecarregado de preocupações; o médico tem de se levantar a todas as horas e de se deslocar esteja o tempo que estiver, e até o clérigo... - calou-se um momento, a pensar no que seria adequado para o clérigo -, até o clérigo, como sabe, é obrigado a entrar em quartos infectados e a expor a sua saúde e o seu aspecto físico a todos os agravos de um ambiente venenoso. Na verdade, há muito estou convencida de que, embora qualquer profissão seja necessária e respeitável, à sua maneira, somente aqueles que não são obrigados a exercer nenhuma, que podem viver naturalmente, no campo, escolhendo o seu próprio horário, fazendo aquilo que lhes apetece e vivendo daquilo que é seu, sem o tormento de tentar obter mais, são somente eles, dizia eu, que têm a sorte de conservar o máximo de tempo possível as bênçãos da saúde e da boa aparência: não conheço outro tipo de homens que não deixem de perder algum do seu bom parecer quando cessam de ser muito jovens.

Dir-se-ia que Mr.