Sangue Azul - Cap. 22: 10 Pág. 257 / 287

Depois de desperdiçar alguns minutos a dizer as inanidades apropriadas, começou a fazer o convite que se destinava a abranger tudo o mais que era devido aos Musgrove. «Amanhã à noite, para apresentar alguns amigos, nada de formal.» Foi tudo dito muito afavelmente, e os cartões de que se munira - «Miss Elliot, recebe em sua casa» - foram colocados na mesa, com um sorriso cortês e amplo para todos - e outro cartão e um sorriso mais decididamente destinado ao capitão Wentworth. A verdade é que Elizabeth se encontrava em Bath há tempo suficiente para compreender a importância de um homem com um ar e uma aparência como os dele. O passado não era nada. O presente era que o capitão Wentworth se movimentaria bem na sala dela. O cartão foi intencionalmente entregue, e Sir Walter e Elizabeth levantaram-se e desapareceram.

A interrupção tinha sido breve, embora severa, e o à-vontade e a animação voltaram à maioria dos que ficaram, quando a porta se fechou e os excluiu, mas não a Anne. Ela só conseguia pensar no convite a que, com tão grande espanto, assistira, e na maneira como fora recebido: uma maneira de significado duvidoso, mais de surpresa do que de agrado, de reconhecimento do que de aceitação. Anne conhecia-o. Viu desdém nos seus olhos e não se atrevia a acreditar que ele decidira aceitar semelhante oferta como compensação por toda a insolência do passado. O seu espírito desfaleceu. Ele conservou o cartão na mão depois de eles saírem, como se o avaliasse profundamente.

- Imagina, a Elizabeth incluiu toda a gente! - exclamou Mary, num murmúrio muito audível. - Não me surpreende que o capitão Wentworth esteja encantado! Estás a ver, nem o consegue largar.

Anne procurou-lhe o olhar, viu as suas faces afoguearem-se e a sua boca desenhar uma momentânea expressão de desprezo, e voltou-se, pois não podia ver nem ouvir mais nada que a indignasse.





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