Sangue Azul - Cap. 23: 11 Pág. 270 / 287

Mal consigo escrever. Ouço a cada instante alguma coisa que me subjuga. Você baixa a voz, mas eu consigo ouvir os seus tons, mesmo que eles escapem a outros. Oh, criatura demasiado boa, demasiado excelente! Faz-nos realmente, justiça. Acredita que existe verdadeiro afecto e constância entre os homens. Acredite que eles são o mais fervorosos e firmes que é possível no

F. w.

«Tenho de ir, incerto quanto ao meu destino. Mas voltarei aqui, ou acompanharei o seu grupo, o mais depressa que possa. Uma palavra, um olhar, bastará para decidir se entro esta noite em casa de seu pai, ou nunca.»

Uma carta daquelas não era coisa de que fosse possível refazer-se rapidamente. Meia hora de solidão e reflexão poderiam tê-la tranquilizado, mas os reduzidos dez minutos que passaram antes de ser interrompida, juntamente com todas as limitações da sua situação, não contribuíram em nada para a sua tranquilidade. Pelo contrário, cada momento trazia nova agitação. Era uma felicidade avassaladora. E antes de ter ultrapassado a primeira fase de sensação plena, Charles, Mary e Henrietta entraram, todos ao mesmo tempo.

A necessidade absoluta de parecer igual a si mesma gerou uma luta imediata; mas passados momentos não conseguiu lutar mais. Começou a não compreender uma palavra do que eles diziam e foi obrigada a alegar indisposição e pedir que a desculpassem. Eles repararam, então, que ela parecia de facto muito doente - ficaram surpreendidos e preocupados - e juraram que não sairiam dali sem ela por nada deste mundo. Foi terrível! Se ao menos tivessem saído deixando-a na posse tranquila daquela sala, teria sido a sua cura; mas vê-los todos parados, ou a quererem ajudá-la, era enlouquecedor, e, em desespero de causa, Anne disse que ia para casa.





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