Sangue Azul - Cap. 4: 4 Pág. 31 / 287

Não conheciam a opinião uma da outra, quer no que respeitava a constância, quer no que respeitava a mudança, quanto ao ponto principal da conduta de Anne, pois o assunto nunca era abordado; mas, aos vinte e sete anos, ela pensava de maneira muito diferente da que lhe fora imposta aos dezanove. Não culpava Lady Russell nem se culpava a si mesma por se ter deixado guiar por ela, mas achava que se alguma pessoa jovem, em circunstâncias similares, solicitasse os seus conselhos, jamais daria algum portador de uma infelicidade imediata tão certa, de um bem futuro tão incerto. Estava convicta de que, mau grado todas as desvantagens da desaprovação familiar e toda a ansiedade decorrente da profissão dele, apesar de todos os prováveis temores, obstáculos e decepções, mesmo assim, teria sido uma mulher mais feliz se mantivesse o seu noivado do que fora sacrificando-o. E isto, estava plenamente convencida, mesmo que lhes tivesse estado reservado o quinhão habitual, ou até mais do que isso, de tais preocupações e incertezas, e sem levar em conta os resultados reais do caso deles, que afinal teriam proporcionado uma prosperidade mais precoce do que poderia ter sido razoavelmente previsto. Todas as expectativas de Wentworth, e toda a sua confiança, tinham sido justificadas.

Dir-se-ia que o seu talento e o seu entusiasmo lhe haviam permitido prever e comandar o seu próspero caminho. Muito pouco tempo depois do noivado terminar, fora destacado, e tudo quanto lhe dissera que aconteceria tinha mesmo acontecido. Distinguira-se e depressa ascendera ao posto seguinte, e devia agora, mercê de apresamentos sucessivos, ser senhor de uma bela fortuna. Ela só podia basear-se, para assim pensar, nas listas da Armada e nos jornais, mas não duvidava de que ele era rico - e, fazendo fé na sua constância, não tinha razão alguma para o supor casado.





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