Sangue Azul - Cap. 4: 4 Pág. 32 / 287

Como Anne Elliot conseguia ser eloquente - como eram eloquentes, pelo menos, os seus desejos a favor de um terno afecto precoce e uma alegre confiança no futuro, em oposição àquela prudência excessivamente ansiosa que parece insultar o esforço e duvidar da Providência! Fora forçada a ser prudente na sua juventude, aprendera o romantismo com o passar dos anos: a sequela normal de um começo anormal.

Com todas estas circunstâncias, recordações e sentimentos, não foi capaz de ouvir falar na probabilidade de a irmã do capitão Wentworth ir morar em Kellynch sem sentir ressuscitar uma dor antiga, e foram necessárias muitas caminhadas e muitos suspiros para dissipar a agitação causada pela ideia. Teve de dizer muitas vezes a si mesma que era loucura, antes de conseguir endurecer suficientemente os nervos para compreender que a discussão contínua a respeito dos Croft e dos seus assuntos não era mal nenhum. Ajudava-a nisso, no entanto, a perfeita indiferença e aparente inconsciência das únicas três pessoas das suas relações que estavam ao corrente do segredo do passado, indiferença e inconsciência que quase pareciam negar qualquer recordação do caso. Não lhe custava fazer justiça à superioridade dos motivos de Lady Russell a esse respeito, em relação aos de seu pai e de Elizabeth; o que a fazia respeitar ainda mais todos os bons sentimentos inspiradores da serenidade da madrinha - mas a atmosfera geral de esquecimento predominante entre eles era muitíssimo importante, fosse de onde fosse que provinha, e no caso de o almirante Croft alugar, de facto Kellynch-hall, não podia deixar de se alegrar de novo com a convicção, que sempre lhe fora muito grata, de que o passado só era conhecido daquelas três pessoas das suas relações que, confiava, jamais murmurariam uma sílaba que fosse a esse respeito, e com a fé de que, entre as dele, apenas o irmão com quem na altura residira tinha algum conhecimento do seu efémero noivado.





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