Sangue Azul - Cap. 5: 5 Pág. 38 / 287

Mas a pobre Mrs. Clay, que, apesar de todos os seus méritos, jamais poderá ser considerada medianamente bonita! Penso, de facto, que a pobre Mrs. Clay pode continuar connosco em perfeita segurança. Dir-se-ia que nunca ouviste meu pai falar dos infortúnios físicos da senhora, embora eu saiba que o ouviste pelo menos umas cinquenta vezes. Aquele seu dente! E aquelas sardas! As sardas não me repugnam tanto como a ele - já conheci alguns rostos que algumas não desfiguravam substancialmente, mas ele abomina-as. Deves tê-lo ouvido falar das sardas de Mrs. Clay.

- Não existe praticamente nenhum defeito físico - respondeu Anne - com o qual umas maneiras agradáveis não possam reconciliar-nos pouco a pouco.

- Eu penso de modo muito diferente - replicou Elizabeth, secamente. - Maneiras agradáveis podem realçar feições bonitas, mas nunca conseguem modificar feias. De qualquer modo, como este caso arrisco muito mais do que qualquer outra pessoa, acho absolutamente desnecessário da tua parte estares a avisar-me.

Anne dissera o que tinha a dizer, estava satisfeita por a conversa ter terminado e não inteiramente desesperançada de ter procedido bem. A desconfiança, embora tivesse ofendido Elizabeth, talvez viesse ainda a torná-la mais atenta.

O último serviço da carruagem puxada por quatro cavalos foi conduzir Sir Walter, Miss Elliot e Mrs. Clay a Bath. O grupo partiu com muito boa disposição; Sir Walter preparou-se para distribuir inclinações de cabeça condescendentes a todos os rendeiros e aldeãos aflitos que porventura tivessem recebido instruções discretas para se apresentarem, e Anne dirigiu-se a pé, ao mesmo tempo, com uma espécie de desolada tranquilidade, para o pavilhão, onde passaria a primeira semana.

A sua amiga não estava com melhor disposição do que ela.





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