Sangue Azul - Cap. 6: 6 Pág. 50 / 287

ela não fosse tão obstinada, sobretudo se não estivesse sempre a pôr-se à frente para ocupar o lugar da mamão Ninguém duvida do seu direito de precedência sobre a mamã, mas seria muito mais bonito da sua parte se não estivesse sempre a insistir nisso. Não que a mamã se importe minimamente com o facto, mas eu sei que muitas pessoas reparam.»

Como conseguiria Anne resolver todos estes problemas? Pouco mais podia fazer do que escutar pacientemente, apaziguar todos os ressentimentos e desculpar uns aos outros, sugerir a todos a paciência e indulgência necessárias entre vizinhos tão próximos e tornar mais firmes as sugestões que tinham como objectivo beneficiar a irmã.

Em todos os outros aspectos, a sua visita começou e prosseguiu muito bem. O seu próprio estado de espírito melhorou com a mudança de lugar e de assunto, com o afastamento de cinco quilómetros de Kellynch: os achaques de Mary diminuíram com a presença de uma companhia constante, e a convivência diária com a outra família, dado não haver no chalé nem qualquer afecto superior ou confidência, nem ocupação que elas pudessem interromper, tornou-se uma vantagem. Era, sem dúvida, levada quase tão longe quanto possível, pois elas encontravam-se todas as manhãs e quase nunca passavam um serão separadas; mas Anne estava convenci da de que as coisas não teriam corrido tão bem sem a presença respeitável de Mr. e Mrs. Musgrove nos lugares habituais, ou sem a conversa, o riso e o canto das suas filhas.

Ela tocava muito melhor do que qualquer das jovens Musgrove, mas como não tinha voz, nem conhecimentos de harpa, nem pais extremosos para assistirem e se imaginarem embevecidos, o seu desempenho era pouco considerado, a não ser por cortesia ou para realçar o das outras, como muito bem sabia.





Os capítulos deste livro