Sangue Azul - Cap. 7: 7 Pág. 67 / 287

tardou a ser-lhe poupada toda a incerteza, pois após as irmãs Musgrove terem regressado e terminado a sua visita ao chalé, Mary transmitiu-lhe a seguinte informação espontânea:

- O capitão Wentworth não foi muito gentil contigo, Anne, embora tenha sido tão atencioso comigo. A Henrietta perguntou-lhe o que pensava a teu respeito, quando saíram, e ele respondeu que estavas «tão mudada que não te teria reconhecido».

De um modo geral, Mary não possuía quaisquer sentimentos que a levassem a respeitar os da irmã, mas neste caso não fazia a mínima ideia de lhe estar a infligir nenhum sofrimento especial.

«Mudada ao ponto de não a reconhecer!» Anne resignou-se completamente, em silenciosa e profunda mortificação. Era sem dúvida verdade, e ela não podia vingar-se, pois ele não estava mudado, ou pelo menos não o estava para pior. Já o reconhecera intimamente, e não podia pensar de modo diferente; ele que pensasse dela o que lhe apetecesse. Não, os anos que, a ela, tinham destruído a juventude e a frescura, a ele só lhe haviam dado um aspecto mais resplandecente, viril e franco, que em nenhum aspecto diminuía as suas qualidades físicas. Ela vira o mesmo Frederick Wentworth.

«Tão mudada que não a teria reconhecido!» Eram palavras que não podiam deixar de permanecer com ela. No entanto, depressa começou a regozijar-se por as ter ouvido. Eram de uma natureza apaziguadora: sofreavam a agitação, aquietavam e, consequentemente, deviam fazê-la sentir-se mais feliz.

Frederick Wentworth usara tais palavras, ou outras semelhantes, mas sem nenhuma ideia de que elas lhe seriam transmitidas. Achara-a tristemente mudada e, no primeiro momento em que tinha sido interrogado, dissera o que sentia. Não perdoara a Anne Elliot. Ela maltratara-o, abandonara-o e decepcionara-o - e, pior ainda, ao fazê-lo demonstrara uma fraqueza de carácter que o seu temperamento decidido e confiante não podia suportar.





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