Sangue Azul - Cap. 7: 7 Pág. 66 / 287

a meio caminho, houve uma inclinação de cabeça e uma mesura, e Anne ouviu a voz dele: falou com Mary, disse tudo quanto era correcto, dirigiu umas palavras às jovens Musgrove, enfim, o suficiente para criar uma atmosfera natural. A sala parecia cheia, cheia de pessoas e vozes, mas terminou tudo em poucos minutos. Charles apareceu à janela, todo preparado, e o visitante inclinou-se e saiu. As duas irmãs Musgrove saíram também, tendo de súbito decidido caminhar até ao fim da aldeia com os caçadores: a sala ficou vazia, e Anne pôde terminar o seu pequeno-almoço.

«Passou! Passou!», repetiu a si mesma mentalmente, numa gratidão nervosa. «O pior passou!»

Mary falava, mas ela não lhe conseguia prestar atenção. Vira-o. Tinham-se encontrado. Tinham estado uma vez mais os dois na mesma sala!

Em breve, porém, começou a raciocinar mais e a tentar sentir menos. Oito anos, tinham passado quase oito anos desde que tudo terminara. Como era absurdo reatar a agitação que semelhante intervalo banira para a distância e esbatera! O que não podiam oito anos fazer? Acontecimentos de todos os géneros, mudanças, alienações, afastamentos - tudo, tudo podia estar contido neles - e esquecimento do passado - como era natural que assim fosse, e como era certo, também! Oito anos representavam quase uma terça parte da sua própria vida.

Mas, ai, com toda esta argumentação mental descobriu que, para sentimentos pertinazes, oito anos podiam ser pouco mais que nada.

Já agora, como deviam os sentimentos dele ser interpretados?

O seu procedimento correspondia ao desejo de evitá-la? Acto contínuo, detestou-se pela idiotice de fazer tal pergunta.

Quanto a uma outra pergunta, que talvez nem mesmo a sua máxima sensatez pudesse ter conseguido evitar, não





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