Sangue Azul - Cap. 9: 9 Pág. 88 / 287

Anne teve de se ajoelhar junto do sofá e ficar aí, para fazer a vontade ao seu paciente. Mantinham-se assim há alguns minutos quando, para sua grande satisfação, ouviu outra pessoa qualquer atravessar o pequeno vestíbulo. Esperou, ao voltar a cabeça, ver o dono da casa, mas afinal tratava-se de alguém muito menos indicado para facilitar as coisas: Charles Hayter, que provavelmente não ficou de modo mais satisfeito ao ver o capitão Wentworth do que este ficara ao vê-la a ela.

Anne tentou apenas dizer:

- Como está? Não quer sentar-se? Os outros não tardam aí. O capitão Wentworth, no entanto, saiu da sua janela, aparentemente com alguma disposição para conversar, mas Charles Hayter não tardou a pôr fim às suas tentativas, sentando-se perto da mesa e pegando no jornal - e o capitão Wentworth voltou para a sua janela.

Um minuto mais, e outra pessoa veio juntar-se aos presentes.

O rapazinho mais novo, uma criança de dois anos extraordinariamente robusta e desembaraçada a quem alguém abrira a porta do lado de fora, surgiu com ar determinado entre eles e foi direito ao sofá, para ver o que por lá se estava a passar e reclamar alguma coisa boa que porventura estivesse ao alcance.

Como não havia nada que se comesse, só lhe restou contentar-se com brincar, e como a tia não lhe permitiu arreliar o irmão doente, começou a agarrar-se a ela de tal maneira que, ajoelhada e atarefada como estava com Charles, Anne não conseguia soltar-se dele. Falou-lhe - ordenou, rogou e insistiu em vão. Uma vez ainda logrou afastá-lo, mas o rapaz teve o prazer ainda maior de lhe saltar para as costas logo em seguida.

- Walter - disse ela -, sai já de cima de mim. Estás a ser muito maçador e eu estou muito zangada contigo.

- Walter - ralhou Charles Hayter -, porque não fazes o que te mandam? Não ouviste a tua tia? Vem cá, Walter, vem para o pé do primo Charles.





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