Sangue Azul - Cap. 10: 10 Pág. 95 / 287

E após mais quase outro quilómetro de subida gradual através de grandes recintos cercados, onde as charruas a laborar e os sulcos recém-rasgados evocavam o lavrador, em contraste com os encantos da melancolia poética, e significavam que voltaria a haver Primavera, chegaram ao cimo do monte de maiores dimensões, que separava Uppercross e Winthrop, e não tardaram a desfrutar de uma vista completa da última, no sopé do monte do outro lado.

Winthrop, sem beleza nem dignidade, estendia-se diante deles: uma casa desinteressante, baixa e rodeada pelos celeiros e construções próprios de um pátio de quinta.

- Valha-me Deus! - exclamou Mary. - Lá está Winthrop. Confesso que não fazia nenhuma ideia!... Bem, agora acho melhor voltarmos para trás. Estou cansadíssima.

Henrietta, consciente da situação e envergonhada, e não vendo nenhum primo Charles a percorrer qualquer dos caminhos, ou encostado a qualquer das cancelas, estava pronta para satisfazer os desejos de Mary. Mas, «Não», disse Charles Musgrove, e «Não, não», acrescentou Louisa, mais decidida e, puxando a irmã de lado, pareceu discutir acaloradamente o assunto com ela.

Entretanto, Charles declarava com determinação estar resolvido a visitar a sua tia, em virtude de se encontrar tão perto, e tentava com toda a clareza, embora mais timoratamente, convencer a mulher a ir também. Mas este era um dos pontos em que a dama revelou a sua força, e quando ele lhe recomendou a vantagem de descansar um quarto de hora em Winthrop, visto estar cansada, ela respondeu resolutamente: «Oh, não, nem pensar!», pois subir de novo aquele monte far-lhe-ia muito mais mal do que o bem que lhe poderia fazer sentar-se. E, para resumir, a sua expressão e os seus modos declaravam sem subterfúgios que não iria.





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