Sangue Azul - Cap. 10: 10 Pág. 99 / 287

Passados momentos, o capitão Wentworth perguntou:

- Quer dizer que ela o recusou?

- Oh, sim, com certeza!

- Quando foi isso?

- Não sei exactamente, pois nesse tempo a Henrietta e eu estávamos na escola, mas creio que foi cerca de um ano antes de ele casar com a Mary. Tenho pena de ela não o ter aceitado. Todos nós teríamos gostado muito mais dela... e o papá e a mamã sempre pensaram que a culpa de a Anne não o aceitar foi de uma grande amiga dela, Lady Russell. Pensam que o Charles talvez não fosse suficientemente instruído e amigo dos livros para agradar a Lady Russell e, por isso, ela persuadiu a Anne a rejeitá-lo.

Eles iam-se afastando mais, e Anne deixou de os ouvir. As suas próprias emoções a mantinham imóvel. Precisava de se recompor de muitas coisas, antes de se poder mexer. Não lhe acontecera exactamente o que, segundo o provérbio, costuma acontecer a quem escuta: não ouvira dizer mal nenhum de si, mas uma boa parte do que tinha ouvido fora muito doloroso. Compreendia em que conta o capitão Wentworch tinha o seu carácter, e distinguira na sua atitude exactamente aquele grau de sentimento e curiosidade a respeito dela que não podia deixar de lhe causar uma agitação extrema.

Assim que conseguiu, foi procurar Mary e, tendo-a encontrado e regressado com ela ao ponto onde inicialmente tinham ficado, junto da cancela, sentiu algum conforto no facto de, logo a seguir, todo o grupo se ter reunido e posto de novo em movimento. O seu espírito ansiava pela solidão e o silêncio só possíveis de encontrar num grupo de pessoas.

Charles e Henrietta voltaram, trazendo, como é fácil de conjecturar, Charles Hayter com eles.