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Capítulo 20: XIX - A Mouca

Página 120

– E agora? agora? Quiseste, aí tens. Toma. Tu aqui és uma desgraçada como eu. Aqui não há meninas. E agora? agora? pensas que és mais do que as outras?

– Sou mais desgraçada.

E pôs-se a soluçar.

Mas de súbito a Mouca gritou:

– Perdão! perdoe-me, menina! Eu era por inveja.

Saiba: não a podia ver por inveja. Fui sempre assim, Não me fique com raiva. Eu dizia cá comigo: Então os outros têm mãe e eu nunca a tive? Os outros são infelizes um dia, mas eu fui infeliz desde que nasci. Criaram-me os ladrões, já deve ter ouvido. Tenho sido muito má pra a menina, peço-lhe que me perdoe. Era por inveja. Peço-lhe que se ria pra mim, para me mostrar que não está zangada comigo. É boa! eu dizia cá por dentro: hei-de pô-la tão rasa como eu. Que é ela mais do que eu? Sabe porque lhe tinha esta osga? Por ver que a menina era infeliz e boa pra todos. Eu sou assim, sou como um cão.

Peço-lhe uma coisa... Bata-me, para eu acreditar que é minha amiga.

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pág. 120 (Capítulo 20)

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Capa do livro Os Pobres
Páginas: 158
Página atual: 120

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta-Prefácio 1
I - O enxurro 18
II - O Gebo 23
III - As mulheres 28
IV - O Gabiru 35
V - História do Gebo 42
VI - Filosofia do Gabiru! 49
VII - Primavera 52
VIII - Memórias de Luísa 59
IX - Filosofia do Gabiru 63
X - História do Gebo 67
XI - Luísa e o morto 73
XII - Filosofia do Gabiru 77
XIII - Essa rapariguinha 81
XIV - O escárnio 87
XV – Fala 94
XVI - O que é a vida? 97
XVII - História do Gebo 109
XVIII - O Gabiru treslê 114
XIX - A Mouca 118
XX - A outra primavera 121
XXI - A Morte 126
XXII - A filosofia do Gabiru 130
XXIII - A Árvore 134
XXIV - O ladrão e a filha 139
XXV - Natal dos pobres 143
XXI - Aí têm os senhores a natureza! 154